quinta-feira, 6 de março de 2008

A mulher que abraça o mundo com as mãos!

Quando imaginamos um super-herói ele tem que ser forte, inteligente, dinâmico e ter superpoderes. Eu conheço uma super-heroína. Com características marcantes ela tem muitas habilidades e a principal é: ela consegue abraçar o mundo com as mãos. Além disto, lê pensamentos, adivinha coisas, sabe o que e quando dizer, salva qualquer pessoa que precise, tem idéias mirabolantes e consegue mudar móveis de lugar num piscar de olhos.
Acompanho suas aventuras a quase vinte e dois anos. Já teve de tudo. Por ser tão companheira e prestativa ela já se envolveu em várias aventuras. Já teve que segurar um carro para o mar não levar, já transformou um estábulo num lar para família, já criou um pastor alemão numa varanda, já montou e desmontou casas de praia...
A super-abraça-mundo tem uma característica bastante peculiar: sabe usar as palavras certas no momento ideal. Quando pequena, tinha uma garotinha que não queria pentear os cabelos e ela conseguia contornar a situação contando histórias – a menina que não penteava cabelo perdia tudo, todas as coisas que ela gostava iam parar dentro do cabelo até que um dia sumiu a mãe dela e ela teve que pentear o cabelo para achar a mãe -. Esta mesma garotinha não aceitava seus cachos, ela contornava com uma super-história. Tinha um garotinho que não gostava de estudar e ela usava de várias artimanhas para que o menino se concentrasse nos estudos, hoje o garotinho é bacharel em direito, culto e está cursando outra faculdade. Esta super-heroína só tem um vício, um vilão que não consegue deixá-la em paz: o cigarro. Ela não consegue lutar contra ele.
Quem conhece acho que já sabe de quem estou falando, apesar de eu ser suspeita para falar. A super-heroína é a minha mãe. Tem o melhor e maior colo do mundo. Chora e sofre comigo quando estou sofrida. Arruma soluções para meus problemas. Se derrete de cuidados quando estamos doentes. Sabe fazer o melhor “risotinho” dos domingos. Tem uma gargalhada gostosa e inconfundível. Tem sempre um jeitinho para arrumar e ajeitar o que está quieto. Tem uma mania incontrolável de colocar as coisas nos seus devidos lugares (até quando estas coisas deveriam estar fora do lugar). Não fala de ninguém, apenas transfere as informações. É um ser humano amado e querido por muitas pessoas. E como esquecer a famosa frase: - Zelminha ainda tem a mesma carinha!
Minha mãe estudou na Escola Doméstica durante toda a vida, formou-se em Sociologia na Universidade Federal. Namorou a vida inteira com meu pai – me matam de orgulho completando 34 anos de namoro – seu primeiro beijo, primeiro e único marido e tudo mais. Acompanha meu pai desde os tempos das cavernas, eles acampavam, iam para fazenda, passeios em João Pessoa, até a fatídica lua-de-mel na Fazenda Inhandu em companhia de um casal de amigos e seus três filhos pequenos (merece uma história a parte, apesar de eu não ter vivido). Foram morar no Rio de Janeiro (reza a lenda que o apartamento era do tamanho do meu quarto, não que meu quarto seja grande), vieram para Natal e estão até hoje. Meu pai já inventou de ser fazendeiro, jipeiro, bugueiro, aventureiro, cozinheiro (um desastre!), criador de cavalos, enfim minha mãe está sempre ao lado dele, apoiando suas aventuras.
Mãe exemplar, brincou de Barbie, contou histórias, fez tarefas, me deixava na escola às 8h para eu dormir mais e não levar carão do pai e do irmão, apartou as brigas, comprou as melhores roupas (aaah... meu casaquinho florido branco!), nos levou a lugares maravilhosos, assitiu todas as apresentações de dança, arrumou meu cabelo para as apresentações de aeróbica, chorou durante e após as apresentações de aeróbica, aplaudiu quando dancei Carmem Mirando, espalhou para toda a cidade que eu tinha passado em quatro vestibulares – e sempre exaltando o detalhe que fui oitavo lugar na UFRN –, fez tranças, agüentou meu mau-humor quando ela quer ajudar, me explicou o que era menstruação, me deu meu primeiro sutiã e o mais valioso de tudo: sempre repete que eu fui idealizada e desejada e nasci do jeito que ela sonhou!


Música do dia: "Até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei, e ninguém dirá que é tarde demais, que é tão diferente assim, do nosso amor a gente é quem sabe..." (Los Hermanos)

5 comentários:

Evelyne Furtado. disse...

Parceirinha, sou chorona, mas assim é demais. Seu texto a Zelminha é tudo de lindo. È uma declaração de amor espontânea e maravilhosa. Um retrato de Zelma com as suas cores.
Tenho a impressão que a super-heróina vai imprimir e levar na carteira.
Beijos e parabénns as duas!

Leonor Cordeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leonor Cordeiro disse...

Querida Fernanda,
Gostei muito do seu texto, que linda declaração de amor.
Amanhã haverá blogagem coletiva lá
no Pensieri e Parole (http://meiroca.com/ ), acho que seria ótima a sua participação .
( Leve nossa querida Veca com você !)
Mil beijinhos !

Anônimo disse...

Tia zelma a mulher que abraça o mundo com as mãos...
Obrigada pelas caronas, pelos lanchinhos e tudo mais!
Beijosss
Sylvinha

dana disse...

genteeee
muito lindo isso
virei fã da sua mãe!!
e sim vinha, fernandinha e veca, sou eu!
:D
geo, dana, geovanna!
hahahahaha
beijocas meninas lindas!!