sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Nossos Câes



Fernanda falou no Imperador Napoleão e logo me veio à memória, Sissi, a Imperatriz. Não, gente. Napoleão Bonaparte não teve nada a ver com Sissi, a Imperatriz.Acontece que Romy Scheneider, loura e linda, inspirou minha mãe ao batiza uma cachorrinha preta que tia Eliane deu à minha irmã Melissa.
Sissi era mesmo irresistível, pois todos os cachorros da região sentiam-se atraídos como um imã lá para casa quando a starlet entrava no cio. Era uma loucura e mesmo depois de ter as trompas ligadas continuou a dar cria. Perdemos a conta e creio que Sissi I não teve menopausa. Morreu com 14 anos e teve filhotes até bem pouco tempo antes.
Sua morte foi sentida por todos. Nine, uma amiga, quando soube me disse a seguinte frase confortadora: "que ela descanse em bons lençóis".
Depois veio a fase de Sylvinha querer o seu cachorrinho. Já havíamos tentado ficar com alguns dos filhotes de Sissi, mas nenhum vingou.
Só Deus sabe a alegria de Sylvinha quando o pai lhe trouxe Tony. Um cachorro lindo desde filhotinho, que foi ficando mais bonito e simpático à medida que crescia. Um Setter Irlandês ruivo e brincalhão, que foi "subtraído" em uma noite sombria. Nem gosto de lembrar, pois ninguém gosta de ver filho triste.
Passado o luto, fomos a um canil e escolhemos o cão ideal. Um Teckel marrom e branco. Parecia uma salsichinha gorda e fofa. O vendedor disse que era o cão ideal para casa, com jardins e quintal, pois era caçador.
Kadu era uma gracinha, Vinha e Melissa ficaram felizes da vida com o novo bichinho, que parecia bem adaptado á casa onde morávamos.Acontece que com poucos meses, nossa casa foi assaltada e nos mudamos com Kadu para um apartamento.
Tadinho daquele temperamento irrequieto de caçador dentro de quatro paredes. Kadu foi surtando aos poucos. Deslizava em cima da mesa de centro derrubando tudo. Comia sandálias, sapatos e roupas. Enfim pintava e bordava.
O enclausuramento afetou a criatura a ponto de não nos deixar dormir á noite. Nem a nós, nem aos outros moradores do prédio. Se o deixássemos só ele latia sem parar. Era um alvoroço tão grande, que um dia às 2h da madrugada, depois de eu ter feito palavras cruzadas na cozinha de luz acesa ( para ele adormecer com alguém por perto), achei que ele já havia dormido e levantei. O resultado foi um Kadu latindo ameaçadoramente para mim.
Voltei à cozinha, apaguei a luz e comecei a rezar um terço baixinho.A oração não era bem para acalmá-lo. Era para que eu me mantivesse acordada no escuro, sentada em uma cadeira e sem poder me mexer, do contrário o bicho se erguia num pinote.
O fim de Kadu foi o degredo. Apesar do pranto que abalou a casa toda. O nosso anti-herói foi, após uma seleção bem cuidadosa, para outro lar.
Casada, Melissa minha irmã, ganhou uma outra SIssi, também Teckel, também meio piradinha. Depois que nasceu Bella minha sobrinha linda, Sissi II perdeu a alegria natural e passou a morder. Hoje, encontra-se emprestada a Arlete, nossa bondosa auxiliar doméstica. Não sei até quando.

Evelyne Furtado.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Imperador!

A maior parte das crianças sonha em ter um cachorrinho, ou qualquer outro bicho de estimação – aqueles mais ousados desejam cobras, lagartos. Não diferente das outras, quando tinha doze anos comecei uma batalha familiar para ganhar o meu.
Após bolar centenas de planos sem sucesso, resolvi apelar. Fiz amizade com o dono do canil que me deu fotos, me disse todas as vantagens da raça e fez um precinho camarada. Com todas estas vantagens, eu só tive que fazer carinha de coitada – usando o argumento que ficaria traumatizada – e esperar o resultado.
Minha mãe resolveu entrar na guerra e o patriarca resistia. O irmão espírito de porco repetia: - essa menina não vai cuidar do cachorro, vai sobrar pra vocês!
No dia 03 de Agosto 1998 chegou meu cachorrinho. Parecia uma bolinha de pêlos. Mal saia do canto, todo acanhado. Arrumamos sua caminha na sala de visitas (o bichinho tinha medo de tudo, só transitava pela sala de visitas). Para agradar o patriarca deixe que escolhesse o nome. Nunca sonhei em ter um cachorro chamado Napoleão, mas papai também não sonhava em ter um cachorro e agora tinha um. Um detalhe importante a ser ressaltado: Napoleão era clandestino, era proibido cachorro no meu condomínio.
Napoleão apaixonou-se por papai e vice-versa. Tanto que o cachorro absorveu as características de papai. Rabugento que só ele, Napoleão reclama de tudo. Hoje em dia, Napoleão é o xodó da casa. Popó para os íntimos é cheio das histórias. Ele sabe quando as pessoas chegam à nossa casa e late amistosamente, ele já lambeu um queijo gorgonzola, já deixou uma visita com o pé no vaso sanitário (defecou no lugar errado), já fugiu de casa deixando todos desesperados, ficou muitas vezes no pé da minha cama quando estive doente, me acorda amigavelmente com lambidas, já “namorou” com uma cadela que fugiu com seus filhotes, já elegeu o quarto da vizinha da praia como banheiro. Napoleão é Napoleão.
Graças a minha mãe, hoje eu sou uma mulher sem traumas, afinal de contas tenho “o” bichinho de estimação, que tomou o reinado do patriarca/rei e se tornou o imperador da casa!

Frase do dia: "Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A menina e a mulher moram em mim.



Em determinada fase da infância toda menina tem pressa em se tornar mulher. Por sua vez toda mulher adulta conserva a menina que foi em si e às vezes é a menina que fala, age, ama, ri e chora. Trago, ao Mulheres em Dobro, um texto de minha autoria, publicado em 26 de fevereiro, no Caderno Literário do Portal Comunique-se, que passeia pelas emoções da mulher-menina.



Há dias que acordo menina. Não quero deixar os lençóis macios, nem os sonhos bons. A vida lá fora não me atrai. Melhor deixar que os adultos tomem conta, pois essa menina aqui quer ficar quietinha com seus devaneios felizes. Quem sabe, não adormeço de novo e sonho com meu príncipe?

Como menina sou frágil e indefesa, sinto-me abatida na caça. Acho que o que fazem comigo é para me magoar. Choro, mas é um choro abafado, pois a mulher ainda comanda a menina. Procuro colo, como uma criança faz e encontro.

São os anjos que me querem bem e que já não se impressionam com meu choro, contudo se preocupam com a minha dor. Sento no colo dos seres que Deus mandou para me ajudar e fico ouvindo tudo de bom que eles têm para me dizer.

Ah, eles enchem a bola dessa menina-mulher, mas também se acham no direito de me repreender. E só a eles eu ouço. Eles também não me deixam sem companhia, me levam a rir e a tentar ver a vida com olhos esperançosos de mulher.

Depois do pranto infantil, a mulher toma seu posto. A dor continua, mas ela já sabe andar só. Sabe que tem que levantar e curar suas dores; tratar de sua vida. Então, levanta e vai trabalhar. É preciso. A mulher se renova. Volta à academia. E reza. Cuida do corpo e da alma.

Tropeça vez ou outra (é a menina andando nos saltos altos da mulher). Porém a mulher já caiu outras vezes e aprendeu a levantar, apesar da dor que não cessa.
De vez em quando a menina se encolhe e chora. Seu analista diz que é assim mesmo. Diz que ela tem todas as armas da mulher, mas que não aprendeu a usá-las. Todavia, insiste o terapeuta, é necessário agir como mulher e prosseguir.

Essa menina mora em mim, mulher madura. E apesar da idade ainda não aprendeu que a vida não é tão bonita como nos filmes de amor, mas a cada dia ela se sente mais mulher e mais forte. E com vontade ser feliz.


Evelyne Furtado.

Portfólio _ JH

O Jornal de Hoje ainda estava na portaria do prédio, quando me liga a parceirinha Fernanda informando sobre o apoio do jornalista Alex Medeiros ao Mulheres em Dobro, através de nota em sua prestigiada coluna Portfólio. Já com o jornal em mãos agradecemos e nos sentimos mais estimuladas.

Valeu, Alex!



*Mais tarde tem crônica.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Da Astrologia às Cartas do Tarot


Não sei se já me conheço totalmente. Mas sei que sou mulher madura, divorciada, mãe de uma filha, que com certeza é a melhor parte de mim. Tenho uma família que amo e amigos queridos.
Empenho-me na busca do auto-conhecimento. Faço psicoterapia, onde construo e desconstruo aspectos da minha personalidade. Já aprendi a dar nomes aos meus sentimentos, cresci um pouco e venci algumas crises existenciais.
E faço uma confissão: já tive uma fase esotérica. Não que eu não continue lendo meu horóscopo on line todos os dias, porém já houve um período na minha vida em que eu consultava in ching, harmonizava o ambiente de acordo com o Feng Shui, acendia incenso diariamente e para complementar comprei um tarot.
Não sou muito adepta de cartomantes, nem consultas com videntes, por isso resolvi ter o meu próprio tarot. Era lindinho e eu acreditei que iria desvendar meu eu e de quem me rodeava em dois tempos. O tarot, dizem os especialistas, é uma excelente maneira de auto-conhecimento.
Acontece que a coisa não é tão simples assim. Para começar o baralho vinha acompanhado de um "livrinho" explicando como se jogar. O jogo teria que ser aberto em cima de um pano escuro e exigia toda concentração possível. Então vinha a parte mais séria e complicada. O tal livrinho trazia as "mil e uma" interpretações possíveis para cada jogo.
Juro que na primeira vez que desvirei a carta da Morte, senti a cervical tensionado na hora. O medo foi tanto que demorei uns dois dias para melhorar do torcicolo.
Depois li que a carta da morte pode significar coisa boas, como um fim de algo negativo ou um começo auspicioso. Mas a partir de então passei a usar um caderno para anotar as cartas e depois escrever o que dizia o livro. Com isso tudo fui deixando de lado as cartas e assim encerrei a minha vida de taróloga.
Porém, tem uma coisa na qual eu acredito mesmo: eu sou aquariana. Nasci com o sol em aquário o que explica esse lado sonhador de quem anda entre o céu e a terra. Desde criança eu achava o máximo quando lia que os aquarianos vivem cem anos à frente. Hoje nem acho muita graça nisso.
Apesar de me sentir aquariana da cabeça aos pés, não me identificava com algumas características e descobri, então, o meu ascendente. Gente, o meu ascendente é Virgem. Na hora achei que as contas estavam erradas. Eu não poderia ser virginiana. Eles, os nascidos em virgem, são organizados, perfeccionistas e eu não tenho essas qualidades.
Foi então que encomendei um Mapa Astral de verdade, feito pelo astrólogo Pedro Tornaghi. Dei-me esse presente e passei dias consultando aquelas folhas que me diziam quem sou, com base na data e hora do meu nascimento e todas aquelas casas astrais.
Algumas coisas me assustaram, outras, todavia, iluminaram dúvidas sérias. Entendi por exemplo que virgem, o meu ascendente, é o que mantém pelo menos um dos meus pés no chão. Do contrário eu já teria viajado em algum sonho romântico ou utópico. Poderia ter perdido tudo, inclusive a cabeça, que já esteve ameaçada algumas vezes.Meu lado virginiano me segura, graças a Deus.
Ainda descobri mais: eu achava bonito saber que o aquariano amava a humanidade, a liberdade e visava o bem de todos. Porém estranhava quando diziam que o amor fraterno era mais importante do que o amor romântico para os de aquário, que chegam a ser meio distantes emocionalmente.
Então de onde vinham aquelas reações emocionais(às vezes passionais), o romantismo e aquela sensação do mundo se acabar quando rompia um relacionamento, por exemplo.
Pedro Tornaghi resolveu essa equação e depois dele confirmei em vários livros sobre astrologia. A minha lua está nada mais, nada menos, em escorpião, o signo mais passional do zodíaco.
Eis, portanto uma mulher idealista, humanitária e sonhadora, que também é sensata e vem melhorando muito quanto à organização à medida que amadurece; mas que chora, ama muito, é impulsiva e intensa, pois suas reações são regidas por escorpião.
Desculpem se fiz um auto-retrato muito românctico. Culpa dos astros e não minha.

Evelyne Furtado.

Quem é você?



Quem não gostaria de saber exatamente como os outros o vêem? Quem não lê horóscopos e fica se identificando com o conteúdo? Quem não faz aqueles testes de sites e acredita no resultado? Pois, é. Como uma boa mortal eu faço tudo isto. Quanto tenho um tempo livre (dificuldade de uns tempos para cá, em que me divido entre trabalho, faculdade, atividades paralelas, amigos, família, namorado, lazer – não necessariamente nesta ordem) gosto de navegar nos sites e descobrir sobre a minha “personalidade”.
Navegando neste mundo e completando várias vezes meu nome, data de nascimento e horário de nascimento descobri que: meu número é 4, meu número é 2 na expressão e eu tenho vibrações mentais e espirituais em 1.
Acompanhem comigo: “Seu número é 4: Responsável, disciplinado, produtivo e digno de confiança. Quem tem o quatro como número da aparência transmite a sensação de viver sempre com os pés firmes no chão e de valorizar a estabilidade”. (www.bonsfluidos.com.br)
Quanto ao responsável e disciplinado prefiro não comentar. Mas, vivo sim com os pés firmes no chão e valorizo a estabilidade, deixo a instabilidade para os meus revoltos cabelos.
Posso encontrar em outro site, que: “Você é gentil e suave. Sua atitude é bastante reservada com pessoas que você não conhece bem, até que se sinta seguro do que sabe sobre elas e, aí sim, se for o caso, se abrirá com elas”. (www.mapaastral.com.br).
Minha atitude reservada com pessoas que não conheço tem uma explicação: timidez. Sim, eu sou tímida. Mas, basta conhecer a pessoa pouco mais de cinco minutos e eu me “sinto segura sobre elas”.
Vagando em outra página da web eu encontro: “pessoas com o número 2 na expressão são cooperativas, prestativas e equilibradas. São, também, sensíveis e se magoam com facilidade. Costumam ser procuradas para dar conselhos e decidir disputas, pois conseguem enxergar os dois lados da questão. É interessante que aprendam a expor seus sentimentos e não fiquem se martirizando quando as coisas não acontecerem como esperava
Você tem as vibrações mentais e individuais do 1. Independente, original, criativo, líder natural, pioneiro, criativo, artístico, idealista, afetuoso, sonhador, independente, com vontade forte”. (www.horoscopovirtual.com.br)
Enfim, quando terminei minha pesquisa entrei numa profunda crise existencial sobre o que realmente eu sou.

Fernanda Sobral

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Porque hoje é sábado.



"Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar
”.
Vinicius de Moarais.

Tudo me leva a gostar do sábado. Desde os motivos mais elevados aos mais prosaicos.O poema de Vinicius, O Dia da Criação é belíssimo, mas não cabe aqui, pois além de lindo é quilométrico.Recomendo a leitura, mas vamos aos meus sábados.
Já tive sábados de todos os tipos e sempre adorei a sexta porque era véspera de sábado. Sexta à tarde para mim é quase sábado. Vivi sábados de sol, torrando na praia, tomando cerveja gelada e vendo o mar indo e voltando a espera do meu mergulho. Hoje quase não tomo sol e, portanto, vou muito menos à praia.
As manhãs do meu sábado passam-se entre a minha cama e a mesa do café da manhã. Acordo o mais tarde possível e faço questão do meu breakfast especial de sábado. Desfruto do que não posso desfrutar durante a semana. Só por esse motivo o sábado já valeria. Adoro dormir e comer sem culpa.
Sábado também é dia de salão. Aquele ritual todo: depilação, unhas e cabelos. Tudo isso me leva tempo, mas me deixa mais bonitinha e eleva o meu humor.
A minha família adora se reunir aos sábados para beber, comer e conversar. Confesso que sou quem menos bebe (sem contar com minha mãe, claro) nessa família e, só por isso, não sou freqüentadora assídua, apesar de adorar quando participo. A gente ri de tudo e de todos, mas também tem discurso e choro.
Sábado ainda tem cara de cinema e shopping, uma vez que atualmente ir a um jantarzinho, a um barzinho, ou a uma festinha no sábado a noite é muito mais raro do que já foi. Se bem que valem muito à pena quando acontecem. Sair por sair comigo não dá, prefiro um bom livro ou um bom filme. Claro que já me peguei cantando os versos de Marina Lima e do seu irmão Antonio Cícero que dizem: "Eu espero/ contecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento", em alguma noite de sábado, porém amadureci e sei que não é qualquer festa, nem qualquer companhia que faz acontecer.
Às vezes, a solidão pesa um pouco mais nos sábados à noite, mas só se já existir um pouquinho de tristeza em mim, do contrário não.
Agora,farras, baladas e resenhas ficam com a mocinha do andar de baixo, contudo posso atestar que a menina é bem comportada, pois é a grande amiga de minha filha e a acompanho há anos.
Minhas noites de sábado são mais suaves, mas não são ruins. Por isso continuo amando os sábados.
Evelyne Furtado.

Hoje é sábado, dia de aventurar!


Hoje é sábado! É tão bom acordar e perceber que ainda posso dormir mais. Fora isto, sábado é sábado. Tem uma aura singular. O dia de sábado é repleto de expectativas, afinal citando Lulu Santos “Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite”.
Meus Sábados são quase sempre repleto de emoções e de uma tentativa incansável de ficar bronzeada. Foi num belo e ensolarado sábado que convidei amigos para uma aventura. Eles toparam. Partimos em Floquinho (meu fiat palio, branco da cor da neve) para a Lagoa do Carcará. Como boa motorista que sou ou por ser a única que dizia saber o caminho fui guiando. Mas, uma atenção especial: dentro do carro estava um recém operado de apendicite e uma “portadora” de doença na coluna. Tudo certo. Quem já andou em Floquinho sabe que ele tem espírito de jipe, então passa por cima até de tronco de coqueiro.
Enquanto estávamos no asfalto, era só alegria. Entre uma ultrapassagem e outra, todos riam e conversavam animadamente. E fingindo saber o caminho eu continuava, acreditando apenas na minha intuição. Parei num posto de gasolina para estirar as pernas e aproveitei para perguntar o caminho a um senhor. Resolvido este pequeno probleminha do caminho, prossegui. O melhor estava por vir. A estrada era toda de barro com areia. Foi ai que começou o Rally dos Sertões. Os enfermos protestavam em vão, mas era uma bela manhã de sábado e para mim era questão de honra chegar neste lagoa. Estrada de barro, buracos, caminhos tortuosos... uma a coluna quase torrando, os pontos do operado quase abrindo.
Depois de “se perder” quatro vezes, chegamos à Lagoa do Carcará. Água límpida, solzinho e um belíssimo visual. Todos ficaram encantados e esqueceram que ainda tinha a volta de alta periculosidade. Acredito que valeu a pena. Por isso, invente, tente, faça um sábado diferente!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Alma Cacheada


Não tenho o dobro dos cachos da minha parceira de blog, mas tenho cachos rebeldes e donos de si. Vale salientar, sem jogar confetes, que os dela são lindos. Voltando aos meus, nada tenho contra eles, afinal fazem parte de mim há anos, mas há dias que eles não sabem onde se acomodar. Em outros dias desaparecem e quando eles desaparecem "armam-se". Ficam lá por cima aumentando o volume e me deixando louca. Nesses dias a solução é atravessar a rua correndo e entrar no salão em frente de casa. Aí a escova me renova. Saio não só com o cabelo mais bonito. Saio alegre, quase cantando. Porém, não pensem que eu não gosto dos cachos. Eu gosto e a escova que a minha cabeleireira faz os preserva. Já sabemos: basta-me atravessar a rua de volta para as pontas do cabelo cachearem. E é assim que eu gosto. Nós mulheres cacheadas damos um lucro enorme à indústria dos domadores de cachos ou redutores de volume, como queiram. Comprarmos vários até acertar. Depois eles não funcionam mais e temos que começar tudo de novo. De qualquer forma eu passo uns dias da semana mais cacheada e outros menos cacheada. A escova é milagrosa em meus cachos e uso sem problema, mas não sou escrava dela. Detesto a ditadura dos lisos.Só faço a escova normal. Nada de definitiva ou progressiva, pois fiz chapinha (que alisa mesmo) uma vez e fiquei horrorosa, parecia um caroço de manga lambido. Tenho foto e tudo aqui para provar. Ah, desculpem-me. Cometi um lapso. Aqui na minha frente tem uma foto de uns 10 anos atrás onde estou de cabelo liso abaixo dos ombros. Gente, fiquei tão bonitinha assim! Bem, são águas ou químicas passadas. Tenho é uma alma cacheada, nenhum pouco engomadinha. E viva os cachos!

As Domadoras


Hoje eu resolvi encarar um problema de muitas mulheres: cabelos. O meu particularmente é um dilema. Tenho cabelo que sem sombra de dúvida cobria a cabeça de 30% da população careca do Brasil. Além disto, herdei cachos. Muitos cachos. Cachos que lindamente emolduram meu rosto, mas ao mesmo tempo não me permitem dá uma caminhada na praia – com a ventania nos meus benditos cachos, ao final do passeio vai parecer que levei um choque – ficar sem prendê-los – senão parecesse que tem alguém do meu lado o tempo todo – enfim, uma série de infortúnios.
Todos sempre dizem: seu cabelo é lindo, solte! É lindo, mas fruto de muito esforço e persistência. Com a supremacia da escova e da chapinha é raro vermos cachos andando formosamente por aí, por isso que mesmo me privando de caminhadas na praia, eu prefiro meus cachos. Afinal, minha mãe teve muito trabalho em passar anos me convencendo que meus cabelos eram bonitos e diferentes.
Babosa, reparador de pontas, óleo de amêndoas, cremes para pentear (já usei de todas as marcas) são elementos indispensáveis no dia-a-dia das “mulheres de cachos”. E quando mulheres de cachos se encontram? É uma maravilha! Parece um congresso. Cada uma dá uma palestra sobre cremes, hidratações, cortes, redutores de volume (a quem diga que são pura lenda). É uma dura batalhada. Mas, nunca desistiremos de domá-los.

Fernanda Sobral

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Retrato Falado II - Nós e o Homem do Pato



A série Retrato Falado continua. O episódio da família Leite Sobral arrasou, com o humor que faz parte dela. Agora vou relatar uma ocorrência que também caberia no quadro do Fantástico. Aliás, a minha amiga Ana Vê tem uma coleção deles prontos para ir ao ar. Por enquanto vou contar uma aventura que nos aconteceu há alguns anos. Era aniversário de uma amiga comum. Jeane, recém-casada,receberia pela primeira vez em sua nova casa, que ficava um pouco afastada. Meu senso de direção é péssimo e tinha certeza que com ele não chegaríamos lá. Ana, porém, garantiu que sabia o caminho e combinamos ir juntas. Fomos em um buggy Selvagem: eu, Ana e Fernandinha que ainda morava naquela barriga enorme que a mãe expunha com orgulho. Na BR 101, à altura do Centro Administrativo, Ana vira-se para mim e pergunta "Veca estou sem batom?" Ao que eu respondo negativamente, querendo saber o motivo da pergunta. Ela se justificou dizendo que estava estranhando, pois todos estavam olhando para nós e a única coisa que poderia chamar atenção dos outros motoristas era a falta de batom (tinha que contar isso, pois nunca me passou pela cabeça que a ausência de batom atraísse atenção no trânsito). Continuamos com Ana cheia de segurança. Um pouco à frente entrou na rua que o mapinha indicava. Importante fazer um parêntese para dizer que isso aconteceu antes do boom do celular, portanto não tinhamos comunicação. Depois que entramos no bairro da nossa amiga, comecei adesconfiar que Ana não conhecia o caminho, porém continuava com o mesmo ar de segurança: “A gente acha, fique calma”. Dizia ela. Fiquei calma até que nos distanciamos da área mais habitada e começou a escurecer. Rodamos, rodamos e cada vez ficávamos mais perdidas. Eu já começava a ficar preocupada, quando a coisa piorou: o carro simplesmente parou e não pegou mais de jeito nenhum. Estava escuro e não tinha uma casa habitada naquela rua. Éramos eu, Ana, Fernanda (na barriga de Ana) e só. Até que vimos um homem se aproximando. Entre o medo e a esperança, optamos pela última. Perguntamos se ele entendia de motor e ele disse que não, mas que poderia empurrar o carro, só que não poderia soltar o pato. É isso mesmo, o homem trazia um pato vivo em uma das mãos. E era um pato enorme. Como eu não quis segurar o pato do cara, empurramos o buggy eu, o homem do pato e o pato. Ana na direção, eu com toda a minha força de um lado e o homem empurrando o carro com uma mão e com a outra segurando o pato que grasnava alto. Uma cena inesquecível, mas inútil. O Selvagem não saiu do lugar. Perguntamos, então, onde havia um telefone por ali, uma vez que não tínhamos visto um orelhão sequer. O homem respondeu que o telefone mais próximo ficava na delegacia. Ok, tínhamos nos formado há pouco em direito, mas eu detestava delegacias.Ana adorava, ainda bem! Sem outra alternativa, seguimos no escuro, entre uns matinhos e pequenas dunas até a delegacia onde fomos muito bem recebidas pelo atencioso delegado que fez uma ligação para casa da aniversariante, identificou-se e comunicou que duas amigas dela estavam em sua delegacia. Depois do susto fomos resgatadas pela aniversariante que deixou os demais convidados em casa e foi nos “soltar”.
Evelyne Furtado ou Tia Veca

Retrato Falado


Tinha um quadro no Fantástico (revista eletrônica dominical exibida pela Rede Globo) chamado Retrato falado. Era um grande sucesso, pois Denise Fraga interpretava histórias reais de fatos inéditos e surpreendentes ocorridos com gente como a gente. Era quase um ritual assistir ao programa e esperar passar o Retrato Falado. E a cada Domingo as histórias se superavam.
Eu sempre tive muita vontade de mandar o “causo” de uma viagem da minha família à Bahia. Como não mandei agora eu tenho a oportunidade de relatá-lo.
A família Sobral resolveu passar o final de ano na Bahia. Como o patriarca não é chegado a viagens aéreas planejou uma maravilhosa viagem terrestre. Tudo planejado aos mínimos detalhes para nada sair errado, com horários muito programados, roteiros bastante revisados e muitos outros detalhes. O roteiro consistia em: Natal (RN) – Praia do Francês (AL) – Praia do Forte (BA) – Madre de Deus (BA) – Salvador (BA). Melhor impossível.
Na noite anterior a partida uma reunião familiar para acertar detalhes. O terrorista/patriarca alarmou: - Não esqueçam nada, porque eu não voltarei para pegar! Para felicidade de todos os membros da família as cinco estavam todos prontos e felizes partindo rumo à Bahia. A matriarca levando seu kit sobrevivência que logo foi apelidado de kit “farofa com requinte”, pois tinha de pinça a comidinhas. Música, descontração e um medo danado de ter esquecido algo. Quando estávamos para lá de São José de Mipibú um grito de horror ecoou. O patriarca, justo ele, havia ESQUECIDO o celular. Pasmem! Voltamos para casa para pegar. Todos calados e quietos com medo que ele desistisse da viagem. Resolvido esta passagem voltamos para a estrada – com muita vontade de rir.
Começamos a atravessar fronteiras. E os “micos” começaram. A cada fronteira nova que eu ultrapassava (até então só tinha ido até Pernambuco) era “convidada” a descer do carro e tirar uma foto embaixo da placas: Bem-vindo a Alagoas, Bem-vindo a Sergipe, Bem-vindo à Bahia. Mas, acontece nas melhores famílias.
Chegamos à Praia do Francês felizes e animados, afinal vimos belas imagens na internet. Passeamos pelas ruas e fomos a um restaurante mexicano. A pluralidade cultural é uma maravilha. Entre uma margherita e outra a família ia se esbaldando. Até sessão de fotos com os chapéus dos músicos teve. Turista pode!
Dia seguinte, partimos para Bahia. Praia do Forte nos aguardava. Uma chuva torrencial nos pegou na estrada e nos acompanhou o resto da nossa viagem. Parecíamos a família Adams. Para onde íamos, a nuvem acompanhava o carro.
Chegando na capital baiana resolvemos ir ao Shopping. O motorista/patriarca disse saber o caminho. Nisto ficamos dando voltas, voltas, voltas. Algumas vezes passávamos em frente Shopping e a avenida não permitia entrar. E mais voltas. A matriarca na sua calma sugeriu pararmos para perguntar, o patriarca resistiu. Muitas voltas depois, perguntamos. O rapaz ensinou e duas sinaleiras (denominação para sinal de trânsito) depois estávamos no Shopping.
A viagem foi cheia de acontecimentos marcantes, muito especial. Além de tudo, ainda ganhei uma apelido: filha. Meu irmão começou a me chamar assim, crentes que ia me irritar, mas eu adorei!

Já pensou a gente no Retrato Falado? Denise Fraga seria mainha. E quem escalariam para fazer o resto da família? Rsss

Fernanda Sobral

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

De Geraldo Azevedo aos Paralamas

Lembro do show de Geraldo Azevedo,Sylvinha sabia que a mãe gostava muito do compositor e "apelou". Devo ter adorado compartilhar com ela o meu gosto musical. Pena que vocês, pequenas Cinderelas, não puderam cantar Dia Branco em coro no show. Naquela época vocês eram menininhas e menininhas têm pai e mãe para orientá-las. Éramos cuidadosos com vocês e deu certo. Hoje são responsáveis e livres, já não precisamos marcar hora para voltar. Confesso que dou uma ligadinha para o celular todos os dias quando Vinha viaja. Mãe é assim mesmo. Mãe adora, por exemplo, ir ao mesmo show com a filha. Alguns anos depois vocês insistiram em ir ao show dos Paralamas, mas tinham aula as 7:00h do dia seguinte. Para que eu as levassem vocês prometeram que acordariam cedo, independente da hora que chegassemos em casa. Tudo combinado, fomos ao show que foi fantástico. Creio que foi o último show do grupo em Natal antes do acidente de Herbet Vianna. Terminou muito tarde e na volta aconteceu aquele caso dramático lá na Romualdo Galvão. Até hoje não acredito que atropelei o gatinho. Acho que foi uma alucinação coletiva provocada pelo show e pela quantidade de refrigerante que nós tomamos. Agora, o melhor de tudo foi vê-las prontinhas as 6:30 h para ir ao colégio. Aliviada e orgulhosa voltei a dormir.

Evelyne Furtado.

Primeira festa ou a tentativa!

A pré-adolescência é uma fase cruel de nossas vidas. Nem somos gente grande, nem “gente” pequena. Somos a transição. Nesta fase “nem” e já se achando, resolvi - com minhas fiéis companheiras da mesma idade – ir ao show de Geraldo Azevedo. Músico bastante consagrado entoava canções de bastante sucesso na década de 70, meados dos anos 80. Nós, garotas de doze anos de idade resolvemos assisti-lo no Mon Jardim. Como simples pretexto para sairmos na “night” natalense e estrearmos nas festas de “gente grande”. Sim, o cantor seria mero coadjuvante na nossa primeira saída para um show desacompanhadas dos nossos pais. Para ir ao tal sonhado show tínhamos uma difícil empreitada: conseguir convencer nossas mães. Usamos de uma receita simples e perspicaz bolando um plano infalível: pegamos um CD do cantor e passamos a tarde decorando as músicas, quem seria capaz de nos proibir de ir ao show do nosso ídolo? Sabíamos todas as músicas decoradas! Cantarolamos durante uma semana na ida e vinda da escola... “neste dia braaaaaaaaaaaaanco”. Sucesso total! Tudo certo. Depois de muitas ligações - mães para mães e filhas para filhas - no fatídico sábado iríamos ao show de Geraldo Azevedo sob uma única condição voltar às 22h.
Depois de muitas trocas de roupa, alugamos um transporte escolar (prática bastante comum na nossa época para ir e vir das festas) para nos deixar na festa, marcada para as 17h.Chegamos pontualmente no horário marcado. Esperamos cerca de uma hora e meia para os portões abrirem. A barriga até gelada de tanto nervoso. Enfim, entramos! Andamos de um lado para o outro, sem conhecer ninguém – afinal a festa não era abrangente para nossa faixa etária. Compramos água. Compramos balas. Compramos pipocas. Andamos para perto do palco, longe do palco. Até que, o show ia começar! Agora sim, as pessoas começavam a chegar, o local começou a ficar movimentando e interessante. Os músicos passavam o som. Quando foi anunciado o nome Geraaaaaaaaldo Azeveeeeeeedo, bateu o sino! Eram 22h! Entramos na besta e voltamos bastante frustradas para casa.
Moral da história: Mães, vocês bem que poderiam ter deixado a gente ficar mais!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Convite aceito

Fernandinha deu nome ao blog. Como boa publicitária que é escolheu muito bem. Mulheres em Dobro é um lindo e criativo nome para um espaço dividido por duas mulheres enfocando assuntos sobre a ótica de cada uma. Para falar a verdade tenho um pouco mais do que o dobro da idade de Fernandinha, mas essa diferença não conta. Minha parceira de blog é uma das mulheres dessa casa. Amiga de Sylvinha desde que resolveram aquele probleminha do estojo de Brsília, sobre o qual eu nem sabia. Lembro perfeitamente de Zelma, mãe verdadeira, emprestando Fernandinha para brincar de minha filha em minha casa e dos veraneios nos quais eu retribuí enviando Sylvinha para a casa da família Sobral em Muriú. Ambas, Fernanda e Sylvinha são muito criativas, uma em cada área. Enquanto Sylvia termina seu curso de Arquitetura, Fernanda Leite Sobral formou-se em publicidade recentemente. A idéia surgiu há algum tempo, porém tive que esperar o último ano da faculdade de Fernandinha e já havia até esquecido, quando ela me surpreende hoje com o blog já com seu primeiro post, que amei, diga-se de passagem.
E vamos em frente, pois assunto não faltará.

Como tudo começou...

Num belo dia de sol vou a casa da minha amiga/irmã Sylvinha para resenhar. Recebo um convite de sua mãe, minha - e de muitos outros sobrinhos, sobrinhas e agregados - Tia Veca para criarmos um blog. Conversamos e chegamos à conclusão que seria um espaço para contarmos nossas histórias sob dois pontos de vista. Assim criamos o blog Mulheres em Dobro.
Para iniciar em grande estilo, me reporto há alguns anos atrás quando “entrei” para a família Furtado e foi noutro belo dia de sol.
Poucos sabem disto, mas, eu e Sylvinha nos odiávamos. No sentido real da palavra ódio. Ela tinha um estojo de Brasília. E eu, era a queridinha da professora (na época a “tia”). Não me pergunte como nem o porquê, resolvemos nos entender depois de alguns anos se aturando.
Desta amizade que acabara de surgir – continuo tentando me lembrar como – veio as idas e vindas do Natal Shopping, as tardes brincando de Barbie e a fatídica ida ao show de Geraldo Azevedo (vale ser contada em detalhes posteriormente). O estreitamento dos laços com a menina do estojo de Brasília ocasionou a aproximação com toda a sua família. Tia Veca entra definitivamente na história. As conversas no café – da – manhã, os almoços no shopping, o atropelamento do gato voltando do show de Paralamas e as muitas histórias engraçadas que não cabem nestas linhas.
Além disto, Tia Veca tem uma enorme participação nos grandes acontecimentos da minha vida. Primeiro dia de aula, Primeira Eucaristia, Crisma, apresentações da dança, apresentações da aeróbica. Tudo bem que eu não era a personagem principal para ela, mas ela num estava lá? Ela num torceu e chorou igual a minha mãe fez? Ela num teve raiva da juíza que nos desclassificou igual a mainha? E é assim que mantenho minha cadeira cativa na família Furtado.