quinta-feira, 29 de maio de 2008

"Se eu disser que foi por amor..."

Quem me conhece sabe da minha falta de habilidade para certas coisas e, portanto, não estranhará. Quem não me conhece ficará sabendo que entre outras coisas sou distraída e não me dou bem com certos equipamentos.
Não precisa ser nada complexo, mas para mim é quase coisa de outro mundo. Por isso só sei ligar e desligar o som do meu carro. Quando quero passar do toca CD para uma FM é uma aventura. Aperto em vários botões e em algumas vezes acerto em outras não.
Bem, hoje ao sair para trabalhar liguei o som e devo ter tocado sem querer onde não deveria. Tudo bem, me deu aquela alegria proporcionada por uma música boa nos nossos ouvidos. Zélia Duncan e sua voz peculiar cantava Catedral, que gosto e já ouvi inúmeras vezes. Comecei a cantarolar alegre e percebi que não sabia a letra.
Disse bem: não sabia, a partir de hoje já posso dizer que conheço a letra e que é um poema. Ouvi a mesma música mais de dez vezes , pois o botãozinho que apertei sem querer era aquele que faz a música repetir, repetir, repetir ( lembrei Maria Rita).
No começo gostei, depois quis variar e não consegui. De qualquer forma foi o que deu a tônica do meu dia. Pois "meu coração é secular, sonha e desagua dentro de mim". Achei esses versos incrivelmente parecidos comigo, entre outros. Inclusive posso justificar muitas mancadas ou gestos de impulsividade cantando "Se eu disser que foi por amor. Não vou mentir pra mim". Assim como a compositora eu não minto para mim, eu me deixo iludir por amor.
Agora, como minha filha saiu no carro já não vou ouvir a mesma música, Sylvinha é um dos anjos que tratam dessas coisas práticas para mim.

Evelyne Furtado, em 28 de maio de 2008.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A estréia...

Depois algum tempo no casulo... a estréia. Roberta Luciana estava no estaleiro, sem sair muito de casa. Dedicação exclusiva a profissão e estudos. Mas, enfim ela se sentiu pronta para sair de casa. Primeira questão... com que roupa? Afinal, depois de alguns meses de clausura... ela queria sair digna de olhares e atenções. Depois de uma hora e meia de provas frustradas de roupa, ela resolveu o look da noite. Quando terminou de calçar suas sandálias vermelhas se sentiu poderosa, jogou os cabelos e faz cara de diva. No carro o som alto e as vibrações positivas vinda da música. O telefone celular já havia tocado várias vezes naquela noite, Roberta Luciana estava tentada a atender todos os convites.
A primeira parada na noite: um bar com amigas. Confiante no seu salto alto, Roberta Luciana sorri e encara o desafio de chegar sozinha num local. Não doeu. Ela sorri aliviada e entra. Firme e faceira logo encontra suas amigas. Troca olhares com alguns desconhecidos, conversa, sorri e bebe uma cerveja. Depois de muito papo, resolve partir para a balada. Suas amigas não queriam ir. Mas, para aquele poço de confiança chamado Roberta Luciana aquilo não era problema.
Na balada tudo correu as mil maravilhas. Bateu papo com alguns caras, mas nenhum chamou a atenção... apenas um que parecia o Incrível Huck – só que na cor amarela. E percebeu que preferia homens mudos, para não conversar tantas abobrinhas. Conheceu algumas pessoas interessantes, bebericou algumas cervejas e recebeu um convite irrecusável: um lual na praia. Sem pestanejar, Roberta Luciana aceitou e partiu... rumo a praia. Sozinha, mas acompanhada de uma felicidade e uma sensação de liberdade imensa. Chegou à praia, encontrou um belo cenário... uma lua cheia, o mar dourado e um violão. Roberta cantou e dançou e também encantou!
Depois de muito agito, estava preparada para voltar para casa. Pés sujos de areia, cabelos assanhados do vento e sorriso no rosto...ela fez uma grande descoberta. A sensação de liberdade que ela sentira aquela noite tinha sido uma das melhores de sua vida.

domingo, 25 de maio de 2008

Bilhetinho.

Olá, Fernandinha! Onde anda você? Claro que o feriado prolongado é tudo que uma publicitária sobrecarregada, cursando outra faculdade e com zilhões de coisas para dar conta precisa para relaxar e voltar em ponto de bala.
E se essa menina é brilhante como Fernandinha, vem bala faiscando como diamantes para nos deixar tontos.
Dededa, meu fim de semana foi sem você e sem Sylvinha. Sua amiga é bem parecida com você e foi fazer curso em São Paulo no feriadão. Como vocês correm meninas!
Já tratei um pouco disso por aqui. A diferença maior entre as nossas gerações é exatamente essa pressa, esse senso de responsabilidade profissional que vocês têm.
Quando cursei a FEMSP - Fundação Escola do Ministério Público, após dez anos de formada, já percebi a urgência que as meninas recém formadas tinham e me assustei,
Hoje são vocês, filha e amigas de filha que correm, aperfeiçoam-se e brilham cada vez mais cedo.
O que acho mais legal é que vocês também se divertem. Melhor ainda: são meninas com cabeças feitas e corações guiados para o bem. Boas meninas, além de alegres, competentes, divertidas e lindas!
Estou com saudade de Vinha, mas logo ela chegará. Também sinto sua falta, parceirinha.

Beijos de tia Veca

quarta-feira, 21 de maio de 2008

De Volta à Vida!

Naquele dia Clarice acordou e não viu nenhum motivo para sair da cama. Nada a empolgava. Não havia nenhum compromisso que valesse à pena. Nenhum programa bom a fazer. Nem mesmo um livro bom a tiraria daquele torpor. Parecia a Clarice que nenhum dos seus sonhos havia sobrevivido à realidade chata que a rodeava.
Será que nunca mais teria uma daquelas conversas instigantes que a faziam vibrar? Será que não haveria um lugar no mundo que a fizesse programar uma viagem para conhecer?
Clarice pensou nas pessoas que conhecia e de quem gostava. Não queria deixar de vê-las, mas não agora. Deixaria para depois. Pensou se ainda conheceria alguém interessante, que trouxesse alegria a sua vida e duvidou.
Relembrou de músicas que tocaram seu coração e até cantarolou, porém não passou disso. Apenas avivou sua memória afetiva, com os momentos intensos, ternos e românticos.
Clarice chegou a sorrir ao lembrar dos abraços, beijos e carícias trocados, no entanto também sentiu vontade de chorar. E foi aí que ela percebeu que estava trancando seus sentimentos para não se decepcionar. Eliminando expectativas ela não se frustraria, mas também não viveria com ardor. E Clarice chorou todas as decepções e mágoas. Um pranto sentido e soluçado. Um pranto que a deixou com os olhos inchados, mas alforriou toda tristeza do seu peito.
Lúcida, se deu conta que havia muito tempo que vivia assim: sobrevivendo, pisando no freio da imaginação e recalcando os desejos. Havia motivo para levantar da cama. Estava viva e com um apetite louco. Mataria o primeiro desejo no café da manhã. Depois decidiria o que fazer. Tinha sonhos antigos e alguns fresquinhos para usufruir.
Evelyne Furtado

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A moda antiga

Antigamente as pessoas casavam se se conhecer. Os casamentos eram arranjados e os noivos muitas vezes só se conheciam na hora do “sim”. Devia ser absolutamente estranho e ruim. Com o tempo os casamentos arranjados foram saindo de moda, as pessoas podiam escolher seus noivos e namorá-los – cercados de vários vigias e damas de companhias.
Hoje em dia, as pessoas se conhecem, se apegam, dizem que amam e acabam o relacionamento num ritmo de velocidade da luz. Um dia se conhecem, já ficam, com uma semana já estão morando juntos e alguns meses depois se desentendem e terminam. É uma banalização do “eu te amo”, quando na verdade deveria ser dito apenas: gostei de você desde que te vi.
Com o advento da Internet... mais uma mudança. Os namoros à distância são amenizados com a possibilidade de conversas a qualquer hora pelo msn, orkut, skype. E também conhecemos muitas pessoas. Acredito que podemos conhecer várias pessoas interessantes e inteligentes pela rede mundial de computadores. Mas, para que arriscar ? A gente pode muito bem conhecer alguém de carne e osso, sentir o cheiro... não troco nada disso por uma tela de computador.
Conhecer pessoas e trocar experiências pela internet é bom, mas tem seus limites – como tudo na vida. Trocar conhecimento e informações, fazer amizade, dividir experiências com pessoas que poderíamos nunca conhecer pelas vias “normais” é super interessante, mas de certa forma é estranho.
Respeito as opiniões de todos, mas tem que ser à moda antiga. Se conhecer, conversar bem muito, trocar telefones, dividir histórias, passear...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Contatos Virtuais. E daí?




É inegável a revolução que a Internet vem fazendo nas relações sociais. Hoje nos aproximamos de pessoas que jamais conheceríamos de outra forma e eu acho isso o máximo!

Ainda há preconceitos, vindos de pessoas que não usam a NET e torcem o nariz para os relacionamentos que se originam dela. Vale salientar que o preconceito não é privilégio dos mais velhos. Muito pelo contrário, os adultos de meia-idade são os que mais estão se beneficiando dessa revolução.

Alguns dizem que é perigoso. Realmente é, como também é perigoso conhecer uma pessoa num shopping ou na praia. Ninguém ainda anda com um chip, que revele seu caráter num aperto de mão, num beijo ou num abraço.

Claro que requer cuidados. A gente não pode ir se envolvendo com uma pessoa através da Internet, sem as precauções normais. Não devemos dar muitas informações sem que tenhamos confiança no novo amigo ou novo amiga.

Eu confesso que já fui preconceituosa, mas há uns seis anos lido numa boa com essa nova forma de conhecer pessoas, aprender com elas, trocar experiências e até viver ótimos momentos bem reais.

Há pessoas que adoro e nunca vi. Essas pessoas me ajudaram e me ajudam. Em meus problemas pessoais e nesse ofício que eu adoro que é escrever.

Bem, Fernandinha eu conheço desde criança, pois é amiga de minha filha e quase sobrinha, mas tenho colegas/parceiros/amigos no Comunique-se, na blogsfera, no Orkut e no Recanto das Letras cujo contato me enriquecem diariamente.

E tenho histórias ótimas sobre o assunto, como a de uma amiga que foi conhecer pessoalmente um blogueiro e só sabia que ele estaria de azul. Marcaram em um shopping. Ela chegou mais cedo e quase morria de susto a cada camisa azul que via. Também coitada, ela viu um (quase) anão de azul (nada contra os anões, por favor), viu um cara todo tatuado, viu vários exemplares de camisas azuis, cada um mais assustador que o outro, até que um gato de azul falou com ela. Não era corcunda, nem cafajeste, nem traficante, nem da máfia. Era inteligente, sensível e culto. São amigos até hoje.

Outra amiga conheceu um espanhol-paraguaio, mas essa é outra conversa. O cara era meio pirado e até hoje ela nem sabe se existia. Muito estranho!

A NET é um mundo à parte e com cuidado a gente conhece gente do mundo inteiro. Vale à pena, desde que não façamos loucuras. Garanto!

Evelyne Furtado
14 de maio de 2008.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Mahalo


Respondendo aos que me perguntaram...

Mahalo é uma expressão havaiana. Mahalo é um agradecimento, é considerada uma expressão sagrada no Havaí. É uma palavra sagrada e poderosa, que não deve ser utilizada sem necessidade, diga-as apenas quando você sentir mahalo verdadeiramente dentro de você. "mahalo é uma benção divina. É o reconhecimento da Divindades que moram dentro de você".

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Um eterna briga... meu corpo e minha mente!

Enquanto estive doente, aprendi a valorizar o tempo que o meu corpo pedia para descansar. Muitas vezes eu acho que sou uma máquina. Me envolvo em vários projetos e esqueço que mue corpo precisa de descanso. Ele não acompanha minha mente.
Eles são casados, muito bem casados... Meu corpo amadureceu primeiro, se desenvolveu rápido. Minha mente amadureceu depois e continua nesse processo, mas ela é mais ativa, mais perseverante, mais inquieta. Meu corpo é preguiçoso. Apesar deste casamento duradouro eles não estão sempre em sintonia. A mente quer tudo, o corpo fica logo exausto.
É ai que tenho que aprender a dosagem certa dos dois... e até onde meu corpo acompanhará os devaneios da minha mente. Ela não pára, até dormindo ela é agitada... o reflexo é o meu sonambulismo. Uma vez tentei fazer uma aula de Yoga, querendo concentração e calma. Fui para aula, tentei, me esforcei ao máximo para me desligar do mundo...quando estava conseguindo a concentração necessária, lá vinha ela...minha mente inquieta e me transportava para outros pensamentos.
Nunca vou descobrir o que a professora quis dizer com "não pense em nada"...

MAHALO!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Que Noite!



Há uns cinco dias ela chegou e em pouco tempo me derrubou. Dizem que dura no máximo sete dias, mas comigo nunca foi assim. Ainda estou sentindo os arrepios do início. Sim, porque a gripe ou a virose, como queiram, tem seu ciclo evolutivo e se não for atacada quando chega, não dá mais para interrompê-lo. Já senti os calafrios, já senti meu corpo todo doer como se um elefante tivesse caído por cima de mim, passei os dois primeiros dias numa moleza tal que só lembro da cama e da mesa, pois gripe abre o meu apetite (ainda por cima engordo!). Tomei um poço inteiro de água e a sede não passa. Parece ressaca mais eu juro que não bebi. Minha cabeça não é minha, ou assim me faz sentir. Quando falo a voz que ouço é muito diferente da minha. Ontem não dormi quase nada. Cada vez que adormecia o cérebro avisava que eu não estava respirando de tão congestionada que minhas vias respiratórias superiores estavam e eu acordava. E foi a noite inteira assim. O calor e a tosse me levaram a lembrar os poetas românticos acometidos de tuberculose. O ar condicionado piorava a constipação. Sem ele eu me acabava de calor. Que noite! E ainda tem mais: comecei a tossir, mas ainda não é aquela tosse. Só há um conforto. Não estou só nessa. Tem muita gente gripada e pelo telefone estamos sendo solidários. Bem, não acredito que a gripe se vá no sétimo dia, mas tenho fé que não me matará. Ninguém dá a mínima para quem está gripado, mas como diz uma amiga, " gripe é doenção".
Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 07/05/2008
Código do texto: T979423

sábado, 3 de maio de 2008

Solidão: uma boa companhia.


Tem quem goste de ser só e procure o isolamento. Algumas pessoas são solitárias por opção, outras pelas circunstâncias. A maioria corre da solidão, uma vez que seu significado esteja sempre associado ao abandono ou à tristeza.
Mas a solidão tem um lado bastante positivo e poucas pessoas percebem. Estar só faz com que busquemos a nós mesmos. Geralmente é esse encontro que assusta, mas se superarmos o receio, certamente faremos uma viagem interior que nos enriquecerá muito.
Ao lado do auto-conhecimento a liberdade é outro aspecto atraente da solidão. Quando estamos só somos donos das nossas vontades e desejos. Decidimos o que comer, que filme assistir, que lado da cama dormir e outras coisas mais.
É claro que compartilhar a vida com alguém é maravilhoso, mas isso depende desse "alguèm", que pode nos fazer bem ou, ao contrário, muito mal.
A solidão dói quando nos deixamos levar pela melancolia, porém se ao invés da tristeza, escolhermos a criatividade, teremos um mundo de possibilidades para explorar.
Não estou pregando o recolhimento; não estou falando de eremitas, que se escondem das outras pessoas, pois não sabem lidar com o outro. Falo das ocasiões nas quais nos sentimos sós por um período.
A primeira vez que fui ao cinema só, senti-me uma vitoriosa. Já havia passado dos 30 e morria de medo de fazer qualquer coisa só. Fui e venci. Hoje acho maravilhoso um programa comigo mesma, com direito a cinema, pipoca e coca-cola, tendo como sobremesa um pacotinho de Confete ou M&M. Ainda que seja um exercício de equilíbrio e um show da malabarismao (ruim) para o restante da platéia.
Façamos-nos inteiros, enquanto a companhia ideal não chega ou quando ninguém quer assistir àquele filme conosco. Estar só, não é necessariamente ser só. A solidão nos proporciona conhecer uma ótima companhia: nos mesmos.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Só.

É muito comum sentirmos medo da solidão. Quando na verdade, precisamos de tempo para resolver as pendências que temos com nós mesmos. Ficar só, não significa está largado e abandonado no mundo, mas sim um momento para ficarmos introspectivos e resolvermos os assuntos pendentes das nossas vidas. Precisamos descobrir quem somos, o que realmente queremos e o porquê de várias coisas.
Algumas pessoas fazem o Caminho de Santiago, outras viajam, outras se trancam em seus quartos, outras escrevem suas angústias... Mas, precisamos deste tempo para nos dedicar a nós mesmos. Isto não significa que vamos nos isolar do mundo, dispensar as pessoas amadas e viver numa bolha paralela e auto-suficiente...isto seria uma declaração de egoísmo, afinal ninguém é feliz na solidão.
Por isso, até em respeito ao outro, precisamos criar os momentos para estarmos apenas conosco. Afinal, é essencial descobrir que precisamos do outro para sermos completos e ficar só ou ficar solitário são dois conceitos distintos.