sexta-feira, 25 de julho de 2008

Genial!

Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: l
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
(Luiz Fernando Veríssimo)



Confesso... senti inveja de Veríssimo quando li esse pequeno texto. Quanta genialidade! Me identifiquei com esse texto! Adorei a forma como a princesa trata a rã oportunista. Vai saber se essa rã realmente valia a pena? E venhamos e convenhamos, que rã egoísta! É por isso, que faço das palavras da princesa as minhas palavras... "eu, hein?... nem morta!"

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Para Jeane.

Esse blog tem uma leitora fiel, aliás ela foi personagem de um dos primeiros textos que publiquei aqui. Era a aniversariante da festa em que eu e uma amiga comum nos perdemos no caminho e terminamos na delegacia.
Jeane é mais uma de minhas amiga dos tempos da faculdade de direito. Fazia parte do nosso grupo na classe, nos corredores e na lanchonete do campus da UFRN. Eu era a mais velha. A única casada e me achava uma expert na vida do alto dos meus vinte e cinco anos. Não sabia o quanto iria aprender ainda e quantas voltas a vida iria dar.
Desde aquela época muitas águas rolaram, mas mantemos nossos almoços às sextas até hoje: Jeane, Veruscka e eu. Janine não pode comparecer, pois mora na corte, mas sempre está conosco e nos reunimos quando podemos. Esse texto vai além de prestigiar a leitora atenta do Mulheres em Dobro. Vai lá onde são formadas as amizades que nos acompanham nos bons e nos maus momentos. Não é lugar comum dizer que é importante cultivar amizades. É sabedoria saber valorizar amigos. É dificil mantê-los, mas isso Jeane sabe fazer.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Harry Potter, a série.



Ou Minhas Férias em Hogwarts.

Fim dos anos 90 e uma polêmica surgia no mundo editorial e cultural. O lançamento da série Harry Potter chegava ao Brasil com todo alvoroço que os livros que vendem muito provocam.
As crianças queriam ler Harry Potter. Críticos atacavam. Educadores e pais tentavam se posicionar.
Em meio a essa turbulência, presenteei Marcilio, meu sobrinho, com o livro. Minha filha pediu emprestado ao primo e assim chegou o livro às minha mãos.
Comecei a ler e não parei. Durante aquele verão dei início às férias anuais em Hogwarts, Escola de Magia e Bruxaria, situada nos arredores de Londres.
Meu encantamento natural pelo bruxinho e seus amigos, Roney e Hermione venceu qualquer crítica contrária. Saltei a barreira do preconceito e me assumi admiradora da escritora, hoje milionária, J.K.Rowling, que teve uma iluminação ao criar o mundo mágico de Harry Potter.
O preconceito continuava (ainda continua) e eu querendo entender o que aquelas pessoas sisudas viam de tão ruim naquilo que me seduzira. Algumas não leram e não gostaram, se me permitem o clichê. Não sabem o que estão perdendo.
Apesar da minha segurança e paixão declarada, queria saber se outros adultos liam Harry Potter.
A primeira resposta veio no Programa Sem Censura da TV E, quando o editor da Editora Rocco falava sobre mais um lançamento da série. Além dos seus elogios, vibrei quando vi um senhor, inteligente e com mais idade que eu, falando que lia e gostava muito dos livros da série.
Mais tarde Marília Gabriela entrevistou uma pedagoga que assinava uma coluna sobre literatura infantil e pediu a opinião da entrevistada , com uma leve, mas perceptível torcida de nariz, sobre o fenômeno Harry Potter.
A moça perguntou se Marília havia lido e obteve a resposta negativa. Só então contou o seu "caso" com Harry e companhia. A educadora recebera o primeiro livro para fazer sua crítica. Viajou e à noite começou a ler. Não dormiu. Leu o livro naquela viagem e fez uma bela crítica.
Eu já tinha dois aliados, depois descobri mais, embora não precisasse. Desde que meus olhos entraram na casa dos Dudleys, tios cruéis e o primo chato, que criaram o órfão Harry Potter, no dia em que chegaou a carta de Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts e protetor do bruxinho(?) , avisasando que a partir dali, aos onze anos, ele iria estudar na escola de magia, eu já estava convicta de que a série seria mais do que um delicioso entretenimento.
Encantou-me a idéia da plataforma nove e meia. Logicamente localizada entre a nove e a dez, na estação de Londres, vista apenas por bruxos que dali embarcavam para o internato.
Da mesma forma ocorreu com o Beco Diagonal, no centro londrino, invisível aos trouxas (os não bruxos), mas que vendia tudo do mundo da magia.
A partir de então eu e minha filha falávamos uma língua "harryporteana" aqui em casa.” Aparatávamos" e "desaparatávamos" com freqüência. Tínhamos aulas de oclumência, sentíamos ódio de Lorde Voldemort e dos Comensais da Morte, que queriam derrotar Harry Potter, o sobrevivente do bem.

Ríamos com os irmãos de Roney, amávamos Hermione, a menina que não tinha nascido bruxa, mas que era a mais estudiosa na arte da bruxaria e a mais ética de todo grupo.
Torcíamos por Harry, sofríamos com as dores dele e quando o mal vencia, conforme ocorreu na triste morte de Cedrico, um adolescente lindo da Escola.
São tantos os personagens adoráveis : Hagrid , o meio gigante, Dobley, o elfo doméstico, a professora Mcgonagall, Tonx, a bruxa distraída e o padrinho de Harry, Cyrus.
Hoje Harry Potter já recebeu o aval de ninguém menos que Renato Mezan, um dos mais respeitados psicanalistas do país e estudioso de Freud. Autor de Freud, O Pensador da Cultura, um livro sério e denso que meu pai me deu há mais de vinte anos.
Consoante Mezan, em uma entrevista à Veja, Harry Potter e a psicanálise têm muito em comum. O medo, a culpa, o mal, o bem, o preconceito, a vida e a morte estão lá, como em nosso inconsciente.
Na entrevista ele cita um dos mais emocionantes e significativos trecho de toda série. Harry encontra um espelho chamado " Ojesed" e ao mirá-lo vê sua mãe morta sorrindo para ele. A palavra ojesed é desejo ao contrário e aquele espelho refletia a vontade maior do menino herói.
Li todos e voltarei a ler. Recomendo às crianças e aos adultos que se permitirem experimentar uma viagem mágica nessas férias.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Emoções Imperfeitas.

Pouco importa a minha imperfeição
Ante a força do luar nos meus desejos
E da vida que jorra em cada emoção.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Macaca Nova Apanha.

Uma amiga me reclamava do ambiente no novo local de trabalho. Estranhei, pois sabia do quanto ela havia lutado para fazer parte do quadro daquela empresa. Ela me confirmou que não reclamava de suas funções, do salário melhor e da confiança que a diretoria depositara nela.
O que a incomodava era o comportamento de alguns colegas,funcionários antigos na firma, que ora a ignoravam, ora a tratavam com deboche.
Lina, a minha amiga, sentia-se uma estranha no ninho e não sabia o motivo do tratamento dos colegas para com ela, uma vez que nunca os tratara mal.
Tentei entendê-la e lembrei de uma situação parecida que eu havia passado e da frase que ouvira ao conversar com uma pessoa mais experiente do que eu na época.
- Minha filha, macaca nova apanha. Disse-me um amigo sábio.
Lina reagiu como eu e quis entender melhor. Repeti o que tinha ouvido e que não havia esquecido:
- Quando um macaco novo chega a um zoológico, ele apanha, pois ameaça a segurança dos "moradores" antigos.
E assim acontece com nós humanos, algumas vezes. Quando entramos em um ambiente trazendo idéias e posições diferentes, atraímos antipatia e desconfiança daqueles que estão lá há mais tempo, pois o medo de perderem a posição leva os “macacos velhos” a nos baterem, defendendo seus territórios.
Com o tempo as posições se definem e depende muito da nossa autoconfiança.O importante é não nos deixarmos intimidar, até porque há macacos bons que nos estendem a mão e nos ajudam.
Acredito que tranqüilizei Lina, como meu amigo havia me tranquilizado antes.

Evelyne Furtado.
04 de julho de 2008.