sexta-feira, 18 de julho de 2008

Harry Potter, a série.



Ou Minhas Férias em Hogwarts.

Fim dos anos 90 e uma polêmica surgia no mundo editorial e cultural. O lançamento da série Harry Potter chegava ao Brasil com todo alvoroço que os livros que vendem muito provocam.
As crianças queriam ler Harry Potter. Críticos atacavam. Educadores e pais tentavam se posicionar.
Em meio a essa turbulência, presenteei Marcilio, meu sobrinho, com o livro. Minha filha pediu emprestado ao primo e assim chegou o livro às minha mãos.
Comecei a ler e não parei. Durante aquele verão dei início às férias anuais em Hogwarts, Escola de Magia e Bruxaria, situada nos arredores de Londres.
Meu encantamento natural pelo bruxinho e seus amigos, Roney e Hermione venceu qualquer crítica contrária. Saltei a barreira do preconceito e me assumi admiradora da escritora, hoje milionária, J.K.Rowling, que teve uma iluminação ao criar o mundo mágico de Harry Potter.
O preconceito continuava (ainda continua) e eu querendo entender o que aquelas pessoas sisudas viam de tão ruim naquilo que me seduzira. Algumas não leram e não gostaram, se me permitem o clichê. Não sabem o que estão perdendo.
Apesar da minha segurança e paixão declarada, queria saber se outros adultos liam Harry Potter.
A primeira resposta veio no Programa Sem Censura da TV E, quando o editor da Editora Rocco falava sobre mais um lançamento da série. Além dos seus elogios, vibrei quando vi um senhor, inteligente e com mais idade que eu, falando que lia e gostava muito dos livros da série.
Mais tarde Marília Gabriela entrevistou uma pedagoga que assinava uma coluna sobre literatura infantil e pediu a opinião da entrevistada , com uma leve, mas perceptível torcida de nariz, sobre o fenômeno Harry Potter.
A moça perguntou se Marília havia lido e obteve a resposta negativa. Só então contou o seu "caso" com Harry e companhia. A educadora recebera o primeiro livro para fazer sua crítica. Viajou e à noite começou a ler. Não dormiu. Leu o livro naquela viagem e fez uma bela crítica.
Eu já tinha dois aliados, depois descobri mais, embora não precisasse. Desde que meus olhos entraram na casa dos Dudleys, tios cruéis e o primo chato, que criaram o órfão Harry Potter, no dia em que chegaou a carta de Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts e protetor do bruxinho(?) , avisasando que a partir dali, aos onze anos, ele iria estudar na escola de magia, eu já estava convicta de que a série seria mais do que um delicioso entretenimento.
Encantou-me a idéia da plataforma nove e meia. Logicamente localizada entre a nove e a dez, na estação de Londres, vista apenas por bruxos que dali embarcavam para o internato.
Da mesma forma ocorreu com o Beco Diagonal, no centro londrino, invisível aos trouxas (os não bruxos), mas que vendia tudo do mundo da magia.
A partir de então eu e minha filha falávamos uma língua "harryporteana" aqui em casa.” Aparatávamos" e "desaparatávamos" com freqüência. Tínhamos aulas de oclumência, sentíamos ódio de Lorde Voldemort e dos Comensais da Morte, que queriam derrotar Harry Potter, o sobrevivente do bem.

Ríamos com os irmãos de Roney, amávamos Hermione, a menina que não tinha nascido bruxa, mas que era a mais estudiosa na arte da bruxaria e a mais ética de todo grupo.
Torcíamos por Harry, sofríamos com as dores dele e quando o mal vencia, conforme ocorreu na triste morte de Cedrico, um adolescente lindo da Escola.
São tantos os personagens adoráveis : Hagrid , o meio gigante, Dobley, o elfo doméstico, a professora Mcgonagall, Tonx, a bruxa distraída e o padrinho de Harry, Cyrus.
Hoje Harry Potter já recebeu o aval de ninguém menos que Renato Mezan, um dos mais respeitados psicanalistas do país e estudioso de Freud. Autor de Freud, O Pensador da Cultura, um livro sério e denso que meu pai me deu há mais de vinte anos.
Consoante Mezan, em uma entrevista à Veja, Harry Potter e a psicanálise têm muito em comum. O medo, a culpa, o mal, o bem, o preconceito, a vida e a morte estão lá, como em nosso inconsciente.
Na entrevista ele cita um dos mais emocionantes e significativos trecho de toda série. Harry encontra um espelho chamado " Ojesed" e ao mirá-lo vê sua mãe morta sorrindo para ele. A palavra ojesed é desejo ao contrário e aquele espelho refletia a vontade maior do menino herói.
Li todos e voltarei a ler. Recomendo às crianças e aos adultos que se permitirem experimentar uma viagem mágica nessas férias.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Eve apesar de já ter passado das fases infantil e adolescente, também sou apreciadora de Harry Potter. Aliás bons filmes e livros infantis até hoje me encantam.Jeane.

Anônimo disse...

Aplausos!
Brilhante o texto Tia Veca!
beijo

ps: vc acredita que eu nunca li Harry? Uma lástima!

Evelyne Furtado. disse...

Oi, meninas!
Jeane, Harry Potter não é só para crianças, assim como Monteiro Lobato, que li e reli várias às vezes. Por isso você ( e eu) gostamos tanto. Obrigada, amiga.

Dededa, que emoção você me deu com esses aplausos! Leia o bruxinho (Vinha tem aqui), ele combina com sangue-bons como você. Obrigada!

Beijos para as duas.